sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Texto de F. Nietzsche - Assim Falava Zaratustra


Quem quer aprender a voar, precisa primeiro aprender a ficar de pé e a andar e a subir e dançar: a arte de voar não se aprende voando!
Aquele que ensinar os homens a voar afastará todos os limites, batizará a terra de novo como A Leve.
Quem quer se tornar leve e se transformar em pássaro deve se amar.
O homem é uma corda estendida entre a besta e o Super Homem - uma corda sobre o abismo.
É perigoso passar de um lado ao outro, perigoso ficar no caminho, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
O que há de grande no homem é que ele é uma ponte e não um fim: o que se pode amar no homem é que ele é uma passagem e uma queda.
Por trás dos teus pensamentos e teus sentimentos, irmão, há um soberano possante e um sábio desconhecido. Ele mora no teu corpo, é teu corpo.
Há mais razão no teu corpo que na tua melhor sabedoria. Há sempre um pouco de loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.
E mesmo eu, que estou voltado para a vida, acho que as borboletas, as bolhas de sabão e o que se assemelha a elas entre os homens são o que melhor conhece a felicidade.
Ver voar essas alminhas leves, loucas, graciosas e móveis - isso dá a Zaratustra vontade de chorar e cantar.
Eu não poderia acreditar num deus que não soubesse dançar.
Agora sou leve, agora vôo, agora me vejo abaixo de mim mesmo, agora um deus dança através de mim.
Estou agora diante do meu último cume. Tenho diante de mim meu caminho mais duro. Começo minha corrida mais solitária.
Acima da tua cabeça e além do teu coração. Agora a coisa mais doce em ti deve se tornar a mais dura.
Precisas subir andando sobre ti. Mais alto, mais alto até que as estrelas fiquem lá embaixo.
Céu acima de mim, céu puro. Profundo. Abismo de luz. A te contemplar tremo de desejos divinos. Saltar na tua altura - eis o meu abismo. Ensconder-me na tua pureza, eis minha incoência.
Todo a minha vontade é só voar, voar para entrar em ti!
O belo corpo vitorioso em torno do qual tudo se transforma em espelho.
O corpo ágil, o dançarino cujo símbolo é alma feliz consigo mesma.
Toda alegria quer a eternidade, a profunda, profunda eternidade.
Assim fala a sabedoria do pássaro: Não há alto nem baixo. Lança-te para todos os lados, para frente, para trás, homem leve. Não fala mais. Canta.

Texto de F. Nietzche, Assim Falava Zaratustra

4 comentários:

  1. Olá Marion!
    Eu sigo todas as pessoas que seguem o meu blog,
    e tive a ver com muito cuidade e vejo que não sou seu seguidor, mas vou ser a partir de agora.
    Eu quando era criança voava, quando sonhava, e era tão ter sonhos daqueles, a gente depois cresce, fica mais pesado, e já não pode voar nem mesmo em sonhondo.

    um beijinho.

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  2. Linda escolha do artigo postado por você, eu ainda hoje vôo, vôo nas asas da minha imaginação. entrei neste artigo, e me senti criança.OBRIGADO POR NOS DAR O PRAZER DE LER ARTIGOS TÃO RICOS, PARABÉNS.beijos carinhosos.

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  3. Olá Marion querida.
    Precisamos aprender a nos amar, nos aceitar e acreditar muito nesta força que faz parte da nossa essência. O poder está dentro de nós, devemos largar as amarras que nos prendem e limitam nossa própria existência. Somos muito mais.
    Amei seu texto.
    Grande beijo em seu coração!
    Lú.

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  4. Olá Marion, gostaria de saber o nome deste poema(lindo!) Ou em que parte da obra Assim falou Zaratustra se encontra? Estou com o livro em mãos e não estou encontrando!?
    Abraços, Vani

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