quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Laço de fita


Não sabes crianças? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.

Mas onde? No tempo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,

Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro

Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!

Meu Deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...

Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos

N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!

Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.


Castro Alves

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Caio Fernando Abreu

“Te desejo uma fé enorme em qualquer coisa, não importa o que, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que faça a cada um de nós acreditar em tudo outra vez.” Caio Fernando Abreu Arte by Alfio Presotto.

terça-feira, 10 de abril de 2012


Gratidão, George.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Tomara - Vinícius de Moraes


Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinícius de Moraes

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Casa do Gramado - Nas Montanhas Azuis.


- Franz, você está dormindo.


- Não minha doce Valkíria, eu só estou sonhando um pouco.


- Ah! Então me conte um pouco de seu sonho.


- Só estava apreciando um pouco as montanhas azuis.


- Como assim, já é noite, e chove um pouco lá fora, não é possível vê-las.


- Elas estão refletidas em seus olhos, e neles há toda a luz necessária para que eu possa enxergar cada detalhe delas: as árvores, a relva, as trilhas.


- Sabe que você me encanta.


- Ao invés de contar prefiro ir com você até elas, por que não vem comigo até a janela para fazermos juntos esse sonho.


- Podemos ficar juntos, abraçados, entrelaçados... Debruçados na janela, apreciando.


- Sim, e o sonho pode nos levar até onde a imaginação pode alcançar e se deixar fluir, até além da imaginação.


- Entendo, ao nos entrelaçar, também nos envolvemos com esse Universo do qual somos parte, podendo assim irmos além da nossa imaginação à medida que ela se integra a tudo que nos rodeia.


- Ali no pé daquela montanha, entre os Ipês amarelos, é lá que começa a se desenrolar a trilha que poucos vêem, ela adentra as montanhas azuis, em locais que ela só se mostra àqueles que estão envolvidos com elas.


- Vamos flutuar até lá, bem devagarzinho, e depois podemos ir pela trilha, até o centro das montanhas.


- E quando estivermos lá você pode me dar um sonho bem bonito, todo colorido, cheio de magia, para que juntos possamos desenhá-lo.






http://casadogramado.blogspot.com/2012/02/nas-montanhas-azuis.html?spref=fb

Gratidão, George Santos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012



Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.

William Shakespeare

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Carta de Karl Marx a Jenny Marx




Meu coração bem-amado:

“Escrevo-te, porque estou só e me perturba sempre dialogar contigo na minha cabeça sem que o saibas e me possas responder.
Por má que seja a tua fotografia, presta-me esse serviço e compreendo agora como as efígies da mãe de Deus mais odiosas, as virgens negras, podem encontrar admiradores incansáveis. Nenhuma dessas imagens foi jamais tão beijada, olhada e venerada que a tua foto, que não reflete de modo algum a tua querida, terna e adorável doce figura. Mas os meus olhos, por ofuscados que estejam pela luz e tabaco, ainda a podem reproduzir não só em sonhos, mas também acordados.
Tenho-te, deslumbrante, diante de mim. Toco-te e beijo-te, da cabeça aos pés. Caio de joelhos na tua frente e gemo: « I love you, minha senhora... Amo-a de verdade muito mais que o Mouro de Veneza jamais amou... » O meu amor por ti, assim que te afastas apresenta-se-me pelo que é: um gigante que absorve toda a energia do meu espírito, toda a substância do meu coração. Sinto-me de novo um homem, porque tenho uma grande paixão...”

Karl Marx, in Jenny, a mulher de Karl Marx de Françoise Giroud

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